domingo, 27 de novembro de 2011

So heartless

Fiquei olhando pela fresta da janela por alguns minutos, observando a garoa fina que brincava de chover no contraste da luz do poste. Toda disforme, sem direção, riscos de água alfinetando o céu para todos os lados feito desesperados. Que chuva triste, o cansaço chegou ao céu, não posso acreditar… Até você? Molhando a janela tão gentilmente, tímida, talvez realmente queira me dizer que está triste. Eu não entendo, só consigo sentir. O que você quer de mim? O que eu quero de mim? Estou cansada, não quero chover mais forte. Acho que vou garoar com você, posso? Vou estender as minhas mãos para fora da janela, me dê as suas também. Você parece fraca, nem molha direito… Do que tem medo? Tão suave que mal posso te sentir. O que houve com você? O que houve conosco? Toda disforme e sem direção, alfinetando o seu céu para todos os lados… Quão estranho isso soa?

Ameno

Se eu tivesse que resumir todo mecanismo da paixão, eu resumiria nesta palavra:previsível. ‘Ouço essa música e lembro de você’. ‘Minha vida ficou melhor depois que você apareceu’. ‘Obrigada por existir’. ‘Incrível como você me faz bem’. Eu aposto todo o dinheiro do planeta que em pelo menos um momento da sua vida você já ouviu ou disse uma dessas frases (se não todas). E é lógico, me surpreenderia se não fosse assim. O início das relações quase sempre se sucede da mesma forma. Não há mal nisso, de forma alguma. O problema é que eu simplesmente perdi o interesse. Enjoei desse mecanismo como quem escuta a mesma música tantas vezes que se cansa. A previsibilidade do processo afetivo me fez enxergar as coisas com mais precisão e agora me sinto insatisfeita com o que está ao meu alcance. Não me surpreendo mais e é difícil encontrar alguém que fale algo diferente do que eu já ouvi diversas vezes. Encontro-me basicamente naquela situação em que você está deitado no sofá, quer mudar de canal, o controle remoto está longe e então você continua assistindo o programa por pura preguiça de levantar. Estaria mentindo se dissesse que hoje não me interesso por ninguém. Há interesse, há afeto, um flerte ali, outro acolá, mas e daí? Eu preciso de muito mais do que as pessoas tem me oferecido. Eu preciso de muito mais do que flerte para sentir vontade de levantar do sofá. Eu costumava a gostar de me atirar na fogueira. Hoje eu passo frio porque aprendi que queima.

Li esse texto em Brainbox

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Carta à Hilda Hilst - P. Alegre, 14 de junho de 70.


Não tenho escrito com mais freqüência porque não tenho tempo: passo a manhã inteira na faculdade, a noite no curso de arte dramática, à tarde preciso estudar (estamos em exames), escrever, filmar, fazer montes e montes de coisas. Ando muito esgotado, durmo só umas cinco horas por noite (logo eu, que se pudesse dormia umas 20), andei também ruim do coração, meu ritmo cardíaco estava a mais de 200 pulsações por minuto, precisei fazer um tratamento, não posso fazer esforço, nem tomar álcool, estou proibido de fumar mas não ligo. Algumas brigas terríveis em casa: andei fazendo umas experiências com mescalina, meus pais descobriram, foi aquele forró. Ando deprimido, agressivo, cansado —perdi uns cinco quilos: pareço um fantasma, tenho insônia e pesadelos horrendos, idéias negras durante a noite. Hildinha, se você soubesse como ando escuro, como ando perdido, como me distanciei de mim e das coisas em que acreditava: tenho participado de festas louquíssimas, na base da maconha, da nudez, jogo da verdade, bacanais, surubas. Por favor, queria tanto que me compreendesses. Ando muito sozinho, nessas festas se reúnem artistas plásticos, atores, atrizes, escritores — todos jovens, perdidos, desesperados — é uma coisa terrível. Chega a ser comovente a maneira errada como eles buscam a pureza, como eles tentam se convencer que os bacanais são a forma mais absoluta de comunicação: finjo o tempo todo, rio, sou alegre, dispersivo, com aquele brilho superficial e ridículo. E em cada fim de noite me sinto um lixo. Há tempos estou vivendo uma estória-deamor-impossível que rebenta a saúde: sei que não dá pé de jeito nenhum e não consigo me libertar, esquecer — estou completamente fixado nessa pessoa, vivo todas as horas do dia em função de encontrá-la, à noite. E insuportável. Sei que estou me autodestruindo, mas isso já não me assusta: penso se não será melhor afundar, afundar até acabar numa clínica. A juventude de Porto Alegre é uma coisa terrível: 90% de viciados em tóxicos, todos fugindo de si, das máquinas, do fazeralguma-coisa. Acho que quem está de fora não pode condenar, condenar simplesmente é desprezível — é preciso compreender. Existe uma sede de amor impressionante. Estou sendo muito honesto ao te contar essas coisas, poderia facilmente escondê-las: sei que me arrisco a te chocar, te ferir, te agredir. Mas eu nunca quis ser gostado por aquilo que não sou ou aparento ser. Não vejo saída, Hildinha, sinto que cada vez mais tudo se fecha. Também não adianta pedir ajuda a ninguém, ninguém pode dar. Talvez isso passe, não sei quando, talvez seja só uma fase, das mais dificeis que atravessei, mas até passar estarei me desgastando, me consumindo. Tenho chegado a extremos que não me julgava capaz. E como isso dói.
A antologia de contos foi lançada (estou mandando um exemplar) com muita badalação. Está vendendo bem. Vivi a experiência de uma tarde de autógrafos: me senti tolhido, constrangido, inibido. A imprensa anda me badalando muito. Mas descobri finalmente como tudo isso quer dizer pouco: o bom no escrever é o momento da criação, da vibração, da comunicação com o incognoscível que nos dita as coisas a serem escritas — o resto é lixo. A inveja é um fato: certas pessoas têm me agredido muito, na faculdade, na rua, geralmente intelectuais no mau sentido, frustrados e medíocres. Tenho horror desses rebucetes, rodinhas e frescuras literárias: procuro ficar na minha, sempre. Digo a todos os repórteres que não me sinto um escritor: que sou só um ser humano procurando um jeito de viver. E que talvez esse jeito seja escrever, sei lá. Meu livro está quase pronto, deverá ser lançado em breve. Queria tanto que alguém me amasse por alguma coisa que eu escrevi.Não sei mais o que te escrever, estou muito confuso, muito distraído. Pressinto muito próximo o fim de alguma coisa que não sei especificar qual seja. Mas não se preocupe muito comigo, não vale a pena. Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar. Não faço planos, não sei o que vai acontecer amanhã. É só, Hildinha. Um beijo enorme do seu,

Caio Fernando Abreu.

PS — Depois de reler — não é tão grave assim. Fui muito dramático. Faça boas vibrações por mim. Por favor, compreenda tudo. E escreva logo. Abraços no Dante."




"Sabe, eu não tô pedindo demais

"(...) Hoje eu quase chorei. Mas é porque não tem ninguém pra me escutar, pra me dizer “vem cá” ou “senta aqui que a gente vai resolver teu problema”. E o meu problema sou eu mesma e como se livra de si mesmo? E nem você, nem você me escuta, me ouve, me entende. E tudo a minha volta está me empurrando cada vez mais para dentro de mim. Eu perdi o gosto, eu perdi o tom, eu não sei qual é a rima. Não sei o que é esta vida. Só quero dois ouvidos e nem precisa prestar atenção, entende? Concorda, discorda. Mas é só me consolar, deixar eu botar a cabeça no teu ombro e respirar fundo. Ah, como eu não queria ter mudado tanto. Que merda foi essa que deu na minha vida?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Lar não é um lugar. Lar é alguém.

Difícil tentar entender que daqui alguns meses cada um seguirá seu rumo, sua vida, deixando várias coisas para trás das quais farão muita falta futuramente. Deixarão tantas saudades que marcas internas vão se formar. Lágrimas cairão dos olhos daqueles que se consideram amigos de verdade. Difícil é entender a vida... Por que os problemas não são iguais para todos? Porque nós não podemos resolver tudo juntos? Seria tão simples ter aqueles que amamos por perto. Mas de qualquer forma a vida nos mostra rumos diferentes e difíceis, a fim de nos fazer aprender com os tombos. E só nos resta fazer escolhas que poderão comprometer nossos destinos, poderão abrir portas, traçar novos percursos e enxergar diferentes luzes, cores e sentimentos. Mas eu ainda não sei de um monte coisa. Por exemplo, não sei o que almoçarei amanhã, nem como será meu próximo fim de semana. Mas eu sei que esse momento de emoções sólidas, quase palpáveis, que estou vivendo agora é algo único. Sinto que algo em mim se eleva, que meus olhos enxergam mais longe agora, e eu devo isso à mim e à muitas outras pessoas; conhecidas, desconhecidas, tanto faz. Apenas pessoas que com uma palavra atribuem algo a mais ao meu ser, sempre caminhando em frente. Mas é duvidoso, eu não preciso ir sempre em frente, posso virar na próxima esquerda e ver no que vai dar. Eu não sei, você não sabe. Mas eu sei que sentirei uma falta inimaginável daqueles que ficarão no meu coração para sempre. Daqueles que me arrancarão sorrisos no rosto por ter conhecido. Daqueles que tenho orgulho de caminhar ao lado para acompanhar, de me colocar na frente para defender, e de ficar atrás para segurar quando alguma ventania do mundo tentar derrubá-los. Eternamente caminhando, e pra onde vou será sempre um mistério. Cada dia uma nova parada. Mas de apenas observar, sinto cada vez mais o gosto perigoso e alucinante da vida contra mim. Pois que venha.



domingo, 14 de agosto de 2011

Darling, you're hiding in the closet once again. Start smiling.

Eu não quero mais falar disso. Não quero mais explicar que eu estive numa fase absurda da minha vida. Numa fase em que eu amadureci, mas, incrivelmente, achei estar tomando decisões certas e no fim estava errando, novamente. Você pode estar se perguntando: “Essa garota não sabe o que é amadurecer. Ela diz que tomou decisões erradas no fim das contas, isso não é amadurecer”. Acontece, caro correspondente, que eu descobri que a única coisa certa que eu sei fazer é errar. E depois aprender com isso.

Eu segui caminhos estranhos, mudei meu jeito, esqueci o meu “eu”, minha personalidade se contorcia dentro de mim e me fazia questionar o tempo todo se eu QUERIA fazer tal coisa, perdi minha atenção observadora para com as pessoas e, ainda, me entristecia mais a cada dia. Tive quem ficou do meu lado, segurando minha mão, mas eu me perguntava quase todo o tempo o porquê de estarem me ajudando. O fato de serem meus amigos, de se importarem comigo, não fazia mais sentido. Eu cheguei numa etapa em que duvidava de cada sílaba que me diziam, que no fundo era tudo fingimento e que ninguém se importava verdadeiramente comigo; e eu achava que estava só, mesmo com todos provando o contrário. Sempre fui teimosa, e tenho uma confidente dentro de mim que às vezes toma o controle e não me deixar ver as coisas como são, sabe, simples e cruas; e me arrependo de ter deixado esse outro lado meu tomar tanto o controle. Como eu expliquei, foi uma fase absurda, não espero que alguém entenda. Mas, eu superei, eu enxerguei, eu voltei para meu “eu” antigo, mas eu não sou mais a mesma. Nesse momento, eu digo que mudei. E tudo que passei fora a fase para a mudança. Fase chata, massiva, confusa, internamente dolorida. Mas, de qualquer forma, passou. Sinto-me muito mais racional agora, como sempre.

Já tive amigos que disseram que eu era a pessoa mais intensa que conheciam, e tive outros que me achavam uma boba. Já teve quem me disse que eu devia parar de viver dentro da “minha cabeça” e começar a enxergar com os olhos da humanidade, olhos menos complexos e julgadores. E no fim eu acho que juntei tudo e me tornei o que sou agora. Recebi cada conselho como um bom amigo e hoje eu posso respirar com facilidade, mas eu olho pra trás e machuca ver um ano tão conturbado, tão estressante, tão confuso, tão... desperdiçado.

Então o que menos quero fazer agora é olhar pro passado, porque vai machucar e eu já passei dessa fase de dor. Minha nova fase são sorrisos, compreensão, novas amizades, mais estudos, novas fotos, novas bandas, novos livros, novos caminhos. E sempre que eu me pegar pensando nisso novamente, eu vou encontrar um pensamento feliz e guardado no tempo pra me ajudar a esquecer o que passou, é SEMPRE a melhor coisa a fazer.

Como disse no começo, não quero mais falar disso, eu definitivamente parei. Só queria deixar registrado, como uma foto no fundo da gaveta que é encontrada anos depois e nos arranca um sorriso bobo de “como tudo mudou e como eu era feliz naquela época e não sabia”.

Hoje encontro-me muito mais feliz, mais ruiva do que nunca, mais motivada pra continuar em frente e ainda, me aceitando como nunca antes. Lembranças de uma fase ruim que só serviram para me fazer amadurecer, crescer.


sábado, 30 de julho de 2011

But, the truth is, there's nothing special about me.

domingo, 1 de maio de 2011

Reconhecer os próprios erros nunca foi algo tão incomum de se ver


As pessoas geralmente não se abrem a novas experiências por medo, não se permitem e ainda tentam achar um culpado por suas frustrações. Geralmente quando não encontram alguém para culpar, falam que é a vida. Mas não reconhecem que só chegaram a tal ponto, por conta própria.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

From Daddy, for Mom.


Eu sou uma bagunça. Esta é a melhor maneira de me descrever
Eu não deixo nenhum tempo para mim mesmo, é a única maneira que eu posso lutar
Quando estou sozinho é como se eu estivesse olhando para um espelho
Não se conhece a pessoa dentro dela e isso nunca foi tão claro
Eu sinto falta da nossa família e eu tenho saudade de todos os meus amigos
Se você tivesse que fazer de novo, você faria tudo outra vez
Porque eu faria, isso significa algo mais para mim
Há um buraco no meu coração, onde você costumava estar.

Eu ainda te desejo a melhor sorte, baby
E não vá pensando que isso foi um desperdício de tempo
Eu não poderia esquecer de você mesmo se eu tentasse
Você matou o que restava de bom em mim
Estou cansado, então me deixe ser quebrado
Olhe para a bagunça que está na minha frente
Nenhuma outra palavra deve ser dita
E eu não tenho ninguém para culpar embora eu tenha tentado
Mantido todos os meus erros do passado lá dentro
Eu vou viver de arrependimentos por toda a minha vida.

Confesso, que eu trouxe tudo isto para a mim mesmo
Condenado a sofrer sozinho, como se não existisse mais ninguém
Quando você foi embora, foi como se uma parte de mim estivesse faltando
Então, eu vou continuar vivendo a mentira e só espero que você esteja ouvindo.

sábado, 2 de abril de 2011

Don't be a silly

Vou dormir com a imagem de vocês dois na cabeça.
Coração apertado, deixei de lado e ignorei o que sentia.
Precisei levar um murro na cara, que é te ver com outra, pra perceber que toda essa merda continua aqui. Só que agora está pior.
Obrigada por foder mais e mais com a minha vida a cada dia que passa.

terça-feira, 29 de março de 2011

Eu entro nesse barco, é só me pedir.


"Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar."

Roda Gigante. Assistindo de fora.



Fissura, estou ficando tonta. Essa roda girando girando sem parar. Olha bem: quem roda nela? As mocinhas que querem casar, os mocinhos a fim de grana pra comprar um carro, os executivozinhos a fim de poder e dólares, os casais de saco cheio um do outro, mas segurando umas. Estar fora da roda é não segurar nenhuma, não querer nada. Feito eu: não quero ninguém. Nem você. Quero não, boy. Se eu quiser, posso ter. Afinal, trata-se apenas de um cheque a menos no talão, mais barato que um par de sapatos. Mas eu quero mais é aquilo que não posso comprar. Nem é você que eu espero, já te falei. Aquele um vai entrar um dia talvez por essa mesma porta, sem avisar. Diferente dessa gente toda vestida de preto, com cabelo arrepiadinho. Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros como você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado, comigo: um dia encontro.

domingo, 27 de março de 2011

All this pain gonna stop, little child


Os dias meio que corriam, meio que se estendiam.
Sorrisos meio que escondiam, meio que entregavam.
A garota, na frente da estante de livros
meio que se perdia, meio que se encontrava.
Meio que ria, meio que chorava.
Meio que tudo. Meio que nada.

sábado, 26 de março de 2011

One Year. Six Months

Sufoca o peito, machuca e dói. Enfrentar o medo da distância levar tudo o que eu tenho e ainda assim tentar transparecer uma falsa alegria, bem, chega a ser mais complicado do que posso descrever. De cada coisa que estou passando estou tirando uma força diferente de algum lugar para lidar com tudo. E nunca 'deixei estar' tanto, como estou fazendo agora. Nunca esperei algo surgir para ajeitar tudo, para me salvar, para consertar minha vida e a das pessoas que eu amo.
Nunca, em toda a minha vida, eu quis tanto gritar e fazer tudo voltar a ser como foi um dia. Porque parece ser a única solução pras coisas, eu só não consigo achar mais respostas pra nada.
Não tenho super-poderes e de agora em diante vou seguir com esse esquema de esperar, esperar e esperar. E dessa história sem fim, eu torço com todas as minhas forças para não me machucar muito nos tombos que ainda vou levar.

sexta-feira, 25 de março de 2011

"Não há nada errado com apenas uma amostra do que você pagou"


Faz um tempinho que não venho aqui, né? E pra falar a verdade a vida nem anda tão corrida. É mais aquele tempo que a gente gasta em uma certa época da vida fazendo coisas banais e repensando sobre tudo o que já fez, o que quer fazer, e se o que está fazendo no momento é o certo pra chegar onde quer. Vou dizer-lhes que quanto mais penso, mais vejo que minha vida está tomando o rumo contrário do que eu quero, seguindo uma linha que, para mim que estou vivendo isso, parece não ter fim. Quanto mais eu reflito, mais eu me estresso, pra falar a verdade.
E é por isso que ando falando tantas banalidades, rindo de qualquer porcaria e meio que ferrando comigo mesma. Mas não é de propósito, sabe? É só um reflexo, mais ou menos "vou me ferrar toda antes que alguém venha e faça isso por mim". Pode ser consequência da insegurança, do medo do desconhecido e do que o futuro reserva... E como já entrei no assunto, esses dias comecei a reparar em umas amigas e em como elas se sentem inseguras em relação à muitas coisas. Nem preciso dizer que lembrei de mim mesma, de toda a minha trajetória de vida de 16 anos na insegurança e timidez.

Nunca fui exatamente uma garota bonita. De verdade. Nunca me achei realmente bonita e acho que não vou achar tão cedo. Conforme ia crescendo era evidente: enquanto todas as minhas amigas pareciam ter um jeito natural pras coisas comuns a meninas da nossa idade, eu era sempre a que queria coisas diferentes, nada estava bom, eu era sempre a desajeitada. Porém sempre com insegurança pra mudar algo no cabelo, e mesmo me vestido igual a todo mundo, eu parecia estranha. Sempre fui tímida e muito raramente contava mais do que cinco contatos numa turma. Fui a última a fazer muitas coisas, mas quando criei coragem pra vida, as coisas melhoraram relativamente. São incríveis as coisas que você pode fazer a partir do momento em que acredita em si mesmo. Eu estava sempre ali, meio capengando, meio sendo a amiga esquisitinha.

Mas sinceramente? Não é uma coisa da qual eu me queixe. Penso que talvez, se eu tivesse sido a amiga bonita e simpática, não tivesse me permitido tantas coisas. Já tendo mesmo a consciência de que eu não dava pra ser uma pessoa normal, sempre me permiti inovar. Talvez, e só talvez, a ausência de beleza tenha criado algo bonito em mim. Um visual, um gosto, uma personalidade diferente. Criou em mim uma espécie de ousadia que eu não teria se tivesse ouvido um "como você é linda" a vida inteira. Aos poucos, construí beleza em mim de uma forma diferente e penso sinceramente que seja mais divertido assim. Existem muitos padrões por aí, e em algum lugar alguém vai ver isso. Mas não importa, desde que eu mesma veja.

E, voltando às minhas amigas inseguras (até parece que eu não estou no grupo), que as vezes pedem conselhos e eu fico um bom tempo sem dizer nada, peço desculpas. Confesso que já dei conselhos ótimos e adoraria aplicá-los à minha vida atualmente, mas não sou mais assim. Odeio dizer algo e simplesmente não aplicar aquilo à minha vida, e com os conselhos que distribuia estava acontecendo exatamente isso. E claro, vivo me lembrando de que eu não sei de porcaria nenhuma, e acredito eu que poucas são as pessoas que sabem de algo.

Porém, antes de ir, gostaria de deixar claro uma coisa que aprendi com o tempo, e isso nem chega a ser um conselho, sim? As vezes, volta e meia, bate aquela insegurança na hora de sair pra balada com as amigas, ou ir puxar assunto com aquela pessoa que faz seu coração bater mais forte, ou até mesmo mudar o visual e fazer algo que sempre quis fazer. A regra é simples: é só lembrar que o importante mesmo é abrir aquele sorrisão e se divertir, porque a beleza também é uma questão da sua atitude em relação ao mundo lá fora, certo?

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os Sobreviventes




Eu quero chafurdar na dor desse ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodca, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de eucalipto, ginseng e lexotan, depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a banchá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina e ligo para o CVV às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum pana qualquer choramingando coisas do tipo preciso-tanto-de-uma-razão-para-viver-e-sei-que-essa-razão só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá e me lamurio até o sol pintar atrás daqueles edifícios sinistros, mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma?

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Então, como é o amor?



"Pra dizer a verdade, ele fode um pouco com a cabeça da gente. Não é simples."


Effy and Cook; Ep. 04 - 4ª temp. SKINS
Escola, responsabilidades, sonhos... Espero que esse início de aulas e durante todo o ano as coisas corram bem. Apesar de mal ter começado e eu já saber que vai ser muito difícil, sei que uma força interior vai me guiar. Coisas que não fiz, farei. Coisas que fiz e me arrependo, bem, não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Vai dar tudo certo, no fim das contas.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"Então Charlie Brown...


... o que é amor para você?

- Em 1987 meu pai tinha um carro azul.

- Mas o que isso tem a ver com amor?

- Bom, acontece que todos os dias ele dava carona para uma moça. Ele saía do carro, abria a porta pra ela, quando ela entrava ele fechava a porta, dava a volta pelo carro e quando ele ia abrir a porta pra entrar, ela apertava a tranca. Ela ficava fazendo caretas e os dois morriam de rir.

... Acho que isso é amor."

It's such a shame for us to part. Nobody said it was easy.

As vezes me pego sem palavras, pelo fato de esquecer momentaneamente você. Isso é errado, afinal, foram anos para se esquecer tão fácil em meses? Me recuso. Estar tão cercada de tudo, tão cercada de todos e de fato sentir-me bem, mas perceber que você também deveria estar aqui. Me odeio por ser tão egoísta à ponto de não saber dividir. Aprendi a lição para meu egoísmo com dor, e agora faço de tudo para não repetir mais. E se existir dor pior que essa, que ela venha me atingir, pois essa angustia eu não aguento mais.
Vejo você pegando um rumo que eu não vou poder acompanhar. Você está indo para um lugar desconhecido, onde sei que nunca mais vou te encontrar, e se vou, será num futuro tão distante que só de pensar já me aperta a saudade. Eu conheço as pessoas e essas pessoas mudam, e você vai mudar. Nossa amizade ultrapassa qualquer barreira, mas acho que essa barreira ela não vai conseguir derrubar. Eu te amo, minha irmã, eu te amo. Sinto sua falta, você me fez uma ferida, tal qual nunca vai cicatrizar, mas eu te perdoo... Eu só peço que nunca se esqueça de mim, e quando eu te chamar, você venha me socorrer, com o seu jeito todo certo de ser. Eu vou sempre estar aqui, pra te ajudar, puxar tua orelha, te mostrar o melhor caminho. Vou te guardar pra sempre, minha irmã, pra sempre!


I guess it all depends, I'm still a little crazy all the time

Eu não entendo essa juventude de hoje em dia. Adolescentes de dezesseis/dezessete anos com suas calças colorias e óculos new have brega, músicas ricidulamente melosas esbanjando amor juvenil, alegria e pintando um cenário onde problemas não existem. Com seus filmes de clichezinho barato e suas porcarias disfarçadas de literatura. E eu já cansei de pessoas falando sobre política, ficando nesse assunto por horas sem resolver absolutamente nada enquanto pessoas morrem de fome, matam os amigos e, por fim, se denominam de um país subdesenvolvido ou até 'em desenvolvimento'. Adolescentes querendo dar uma de intelectual porque leu Dom Casmurro, Fernando Pessoa ou conseguiu terminar de ler Harry Potter, pensando que é legal só porque lotou o orkut, tem 900 seguidores no twitter e tem um facebook, e pensa que é rockeiro porque anda todo de preto e ouve Metallica, AC/DC e Nirvana. Por favor, poupe-me de hipocrisia e moralismo barato, porque de gente sem noção eu já estou farta.


Look at the stars. Look how they shine for you.

2010 enfim terminou. Posso dizer que 2010 será inesquecível, onde o tudo não foi tanta coisa assim e o pouco teve uma parcela enorme. Meu ano teve de tudo. Da alegria á tristeza, do amor ao ódio, e da saudade á paz. Estou terminando o ano com aquele sentimento de dever cumprido e que promete deixar saudades. Aquele frio na barriga de achar que ao acabar o ano, acaba a confiança, acabam as amizades, acabam os amores; e a esperança de que algumas coisas não mudem, depois de tanto esforço para alcançá-las. Mas como dizem por ai, espero que 2011 humilhe 2010. Nada por aqui, nenhuma verdade descoberta, vou levando a vida meio assim, calada e distante, procurando novos olhares e novos amores. É olhar pra frente e acreditar em um futuro melhor. Uma pitada de amor faz bem, e um pouco de verdade também. Com fervor eu digo, que venha 2011!





Aulas perto do recomeço,
Fim de Harry Potter esse ano,
Viagens sendo planejadas
Amizades sendo colocadas à prova da distância
Futuro incerto,
Necessidade do novo
mas nenhuma dor, enfim.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pegue o veneno e sirva-se de um copo.

Faltava um pouco de sangue para completar a sentença. Pacto de sangue. Sujo, igual ela. Imundo, encardido, todos sinônimos dela. Garota — ou seria diabo? — complexa, confusa. E se ela se importava de estar beijando o namorado perfeito da melhor amiga? Na verdade, nem um pouco. Era apenas uma distração, uma folha de papel quase rabiscada por inteira prestes a ser descartada no lixo, algo temporário demais. Logo ele voltaria para os braços de Alice e tudo ficaria bem. Eles se casariam, teriam lindos filhos com cabelos escuros e olhos claros, e seriam o que sempre tinham sonhado. Sem lágrimas, sem reclamações, apenas algumas mentiras sujas.

Os passos pelo corredor se tornaram mais fortes. Os saltos altos de Alice se transformaram na trilha sonora. Passos programados. Um depois do outro, devagar.
— Abotoe as calças. — ela sugeriu, dando de ombros e pegando um cigarro que encontrou sobre o móvel. — E tire o meu batom da sua boca... — deu uma tragada no fumo. — A sua namorada não gosta de cereja.