segunda-feira, 24 de maio de 2010

Strawberry fields forever...

" Mas tal presunção não vinha de si especificamente, afinal de contas seus cabelos estavam desgrenhados, sua roupa amarrotada e desleixada e sua face completamente corada. Seu orgulho vinha do pequeno ser que sorria distraído para o nada, balançando-se nos pés enquanto apertava firmemente sua mão. Ele via o mundo refletido naqueles olhos, mesmo que tais olhos não vissem o mundo. Um anjo sem asas, um anjo que não podia ver. Sua presença podia ser imperceptível a todos aqueles que passavam de um lado para o outro naquela rua agitada, mas pensando bem, assim eram os anjos. Uma presença imperceptível capaz de mudar vidas.
A areia sob os pés, o cheiro do mar, o calor da noite de verão, a lua lhes sorrindo. Um ao outro. Eram momentos como aquele que ele descrevia como perfeito. Momentos como estes que antes ele acreditava pertencer apenas a filmes e livros de romances clássicos. Mas não. Agora Shakespeare que fosse para o inferno, pois o amor descrito jamais chegaria aos pés do vivido. Os olhos que liam jamais sentiriam na carne o dilacerar de um amor real. As palavras escritas em páginas nada representavam o amor verdadeiro, que é escrito em fogo na pele e na alma. Antes Shakespeare tivesse conhecido aquela criatura que permanecia ao seu lado, absorvendo tudo sem nada ver para então saber o quão sublime pode ser um simples humano, e então com suas palavras sábias descrever a magnificência de um amor verdadeiro. "



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