quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Diário #3



5 de setembro de 2013

E o sentimento de ser única, especial, amada, o mesmo sentimento que dava motivação pra acordar todos os dias com esperança na alma, ah, esse está agora terminando sua jornada por aqui. Aos poucos ele fora consumido e ninguém parecia perceber. O mal fazia seu trabalho, o orgulho cuidava para que tudo no final fosse destruído. Ninguém viu. O silêncio batia de frente com os cacos de vidro que era aquela realidade. A vida voltava à sua frieza, opacidade, voltava à inércia que era não ter mais o que outrora significava o ar.
Exatamente isso que você foi pra mim por dias e mais dias seguidos: o ar. Sem você eu sufoquei, me perdi, senti-me como uma estranha no próprio corpo. Tudo isso porque me permiti sentir de verdade, mesmo que pouco, eu sei o quanto me permiti. Tudo isso porque deixei você ser meu motivo e minha segurança, deixei ser o que me motivava a seguir em frente e agora a sensação de perder algo que amo me destrói. Nunca pensei gostar tanto de alguém assim e de fato ser tão feliz. Porém nunca pensei também que seria tão difícil seguir a vida com tudo isso arrancado de mim, covardemente. Eu, com essa mania de ser imbatível e contornar as regras da vida, imaginei que daria um jeito nas coisas, que não terminaria destruída como todos acabam. Eu e essa minha síndrome de achar que vou conseguir dar um jeito em tudo, que vou conseguir enrolar a vida e a a minha própria sorte. Pega de surpresa aqui estou, sem entender o porquê preciso ser submetida a isso. Tamanha é a indignação que me perguntarei até o resto de meus dias o porquê de não poder ser feliz. O porquê de não poder me dar ao luxo como todos de ter algo que tanto queria. O motivo de Deus deixar seus filhos tão tristes aqui na Terra, permitindo que suas vidas fiquem a mercê da solidão e desamparo.

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